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O ITINERÁRIO TERAPÊUTICO DE UNIVERSITÁRIOS EM SITUAÇÃO DE SOFRIMENTO PSÍQUICO
Taís Bleicher, Raiane Silva Souza, Diego Mendonça Viana

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


O sofrimento psíquico vivenciado por estudantes universitários brasileiros tem sido alvo de investigações e intervenções. As suas manifestações relatadas na literatura podem ser em forma de insegurança, depressão, estresse, ansiedade e distúrbios alimentares, entre outros. As causas também têm sido investigadas, como mudança de cidade e falta de compreensão psicossocial sobre o aluno, por parte da universidade. Ações de cuidado aos estudantes também são de longa data, ainda que sejam pontuais e descontinuadas. É somente com a implementação da Política Nacional de Assistência Estudantil - PNAES - que a atenção à saúde do estudante ganha o status de eixo estruturante da Assistência Estudantil e, a partir disso, passa a ser considerada fundamental para o combate à evasão escolar. O percurso realizado por alguém na busca de preservação da saúde, seja de maneira formal ou informal, é chamado de Itinerário Terapêutico - IT.  Eles não são necessariamente pré-concebidos por quem os percorre e estudá-los pode auxiliar no planejamento, na organização e na gestão de serviços de saúde, tornando possível a construção de práticas e assistência integradas ao contexto em que estão inseridas. Portanto, na presente pesquisa, o objetivo foi compreender os itinerários terapêuticos de universitários em situação de sofrimento psíquico. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa de campo, com entrevistas semiestruturadas, que contou com a participação de cinco estudantes de graduação da Universidade Federal de São Carlos, campus São Carlos, vinculados há pelo menos 6 meses, que relataram sofrimento psíquico no período da graduação. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFSCar sob o nº CAAE 24260719.0.0000.5504. Os itinerários percorridos pelos estudantes que participaram da pesquisa contaram com consulta médica, uso de medicações prescritas, psicoterapia, meditação, exercício físico, religião, apoio de família e amigos e hobbies. A busca pelos meios formais de cuidado foi realizada por meio de convênios de saúde, busca particular e pelo Sistema Único de Saúde - SUS. Os participantes da pesquisa afirmaram não buscar pelo Departamento de Atenção à Saúde da UFSCar - DeAs, sob motivos como “psicólogos hostis e farmacológicos”, filas de espera, ausência de ações de acolhimento, inacessibilidade do serviço e ineficácia. Houve buscas por projetos de extensão com vistas ao cuidado da saúde mental. As ações desenvolvidas relativas ao DeAs não têm se apresentado aos estudantes como ponto do itinerário terapêutico, conforme diretriz do PNAES, enquanto as ações pontuais têm sido acessadas nesse vazio assistencial. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de uma política gerencial de saúde mental no campus. No entanto, estes resultados podem ser verificados com amostras mais amplas, em pesquisas de caráter quantitativo.

Palavras-chave


itinerário terapêutico; sofrimento psíquico; estudante universitário; saúde mental.