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Comportamento coordenado e individual em duplas de ratos sob esquema de intervalo variável
Marcelo Afonso Keller Ferreira Lima, Letícia dos Santos, Lucas Couto de Carvalho, Deisy das Graças de Souza

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: O comportamento combinado de dois ou mais indivíduos está sujeito à seleção pelas consequências do ambiente, do mesmo modo que o comportamento operante individual. Estudos prévios utilizaram um procedimento de interdependência para a investigação da relação condicional resposta-reforço e dos efeitos do tipo de esquema de reforço sobre o comportamento coordenado. Um dos estudos que investigou os efeitos de manipulações paramétricas em esquemas de razão-fixa sobre o desempenho de duplas de ratos em condições com e sem requisito de respostas temporalmente coordenadas demonstrou a replicação da função entre taxa de respostas e tamanho da razão obtida com organismos individuais para o responder coordenado. Além disso, dados da proporção de respostas coordenadas replicaram a mesma função da taxa de respostas, enquanto as respostas individuais variaram de maneira assistemática.

Objetivo: O presente estudo teve por objetivo investigar o comportamento coordenado como função de parâmetros de esquemas de intervalo variável (VI), que gera padrões diferentes do esquema de FR, visando ampliar o entendimento dos processos de seleção de respostas coordenadas entre ratos.

Metodologia: Foram explorados os valores de VI 5s, 10s, 20s, 40s e 80s para uma condição sem requisito de coordenação e os valores VI 5s, 10s, 20s, 40s, 80s, 120s, 160s, 60s e 320s para uma condição com requisito de coordenação. Foram empregadas seis duplas de ratos, três para cada Condição. Durante os procedimentos experimentais, os ratos das duplas da Condição Coordenada eram colocados em duas caixas de condicionamento operante dispostas lado a lado e com uma divisória de acrílico transparente entre elas. A primeira resposta coordenada de pressão à barra (definida pelas respostas de ambos os ratos separadas por até 0,2s) após o intervalo estipulado pelo esquema produzia o acender de uma luz e a liberação de água (reforço) para ambos os ratos da dupla. Os ratos das duplas da Condição Individual eram colocados em caixas separadas e a liberação de água era acionada pela primeira resposta individual após o intervalo estipulado pelo esquema. A medida equivalente das respostas coordenadas para essas duplas era registrada, mas não era critério para liberação do reforço. As sessões foram feitas diariamente e eram encerradas após 45min ou até a liberação de 45 reforços. Cada manipulação do VI foi realizada por um mínimo de 10 sessões e até atingido o critério de estabilidade.

Resultados: Os dados obtidos mostraram um aumento das taxas de respostas em função do aumento da taxa de reforços para os ratos de ambas as Condições, seguido por um decréscimo nos valores mais altos de taxa de reforços. Os resultados indicam a replicação da função típica que relaciona taxas de respostas e reforços em esquemas de VI. Observou-se, também, uma maior proporção de respostas coordenadas das duplas da Condição de Coordenação, comparada à medida equivalente para as duplas da Condição Individual. Dados das pausas e taxas locais replicaram funções típicas de esquemas de VI e mostraram padrões diferentes àqueles observados em esquemas de FR.

Conclusões: Os dados obtidos pelo estudo contribuem e avançam no entendimento do responder coordenado em ratos.


Palavras-chave


Comportamento coordenado, esquemas de reforço, intervalo variável, água, ratos

Referências


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