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A Soberania Alimentar como modelo produtivo de alimentos: perspectivas do campesinato - Sítio Mãe Terra, do Assentamento Horto Bela Vista em Iperó (SP)
Neusa de Fátima Mariano, Júlia Sabino Rodrigues Cunha

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


A temática da fome passou a ganhar mais relevância após as duas grandes guerras, período pelo qual este problema teve grandes reflexos na Europa. Neste período também, o mundo se divide em dois blocos de poder que disputam a influência nos demais países, neste contexto, o combate à pobreza e à fome ganham evidência e disputas geopolíticas.

A partir disso, o argumento da necessidade de modernização da agricultura com insumos químicos e uma produção industrial ganha força, resultando no processo denominado de Revolução Verde, de modo que acreditava-se que a fome poderia ser combatida. Em contraposição, o movimento internacional camponês e indígena Via Campesina elabora o conceito de Soberania Alimentar, que engloba o manejo com base agroecológica e produção de alimentos de acordo com a diversidade local.

Neste trabalho foi estudado o Sítio Mãe Terra do Assentamento Horto Bela Vista que sob a bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pratica a agroecologia, e busco compreender como os alimentos ali são produzidos, comercializados e de que modo podem contribuir para o alcance da Soberania Alimentar.

A pesquisa começa com um breve histórico sobre a Revolução Verde e suas influências até os dias atuais que implicam no crescimento do agronegócio e comercialização dos produtos agrícolas pautada no mercado mundial e commodities. Além disso, são apresentados os efeitos da utilização de agrotóxicos e movimentos de oposição a esse sistema que reivindicam a agroecologia e a Soberania Alimentar. Posteriormente é apresentado o histórico do Assentamento Horto Bela Vista do município de Iperó (SP), a comercialização dos produtos do assentamento e mais especificamente o lote Mãe Terra.

O objetivo da pesquisa é buscar compreender como o Assentamento Horto Bela Vista e o Lote Mãe Terra manejam a produção agrícola e como é feita a distribuição, comercialização dos alimentos produzidos e de que modo esses processos podem contribuir, mesmo que progressivamente para o alcance da Soberania Alimentar.

A pesquisa foi feita através do levantamento bibliográfico com artigos científicos, dissertação de mestrado, matérias jornalísticas dos veículos de comunicação: Nexo Jornal, Brasil de Fato, Rede Brasil Atual, além dos sites da EMBRAPA e da Articulação Nacional da Agroecologia. A ida ao Sítio Mãe Terra para entrevistar os assentados como previsto no projeto de pesquisa foi impossibilitada devido a pandemia de Covid-19. A entrevista feita com o funcionário do ITESP foi realizada remotamente.

Com a conclusão do trabalho foi possível perceber que a Revolução Verde ainda tem efeitos nos dias de hoje com a intensificação do modelo do agronegócio, que apesar de proporcionar uma maior produção de alimentos, essa produção está sendo concentrada em poucas empresas que não abrangem todos os consumidores, além de ter trazido prejuízo em relação a saúde das pessoas pelas altas taxas de agrotóxicos e degradação ao meio ambiente. Algumas alternativas, buscadas pelos movimentos sociais, demonstrado na pesquisa como produção agroecológica, sem a utilização de agrotóxicos, contribuindo pela preservação do meio ambiente, apontam saídas possíveis.


Palavras-chave


Revolução Verde; Soberania Alimentar; Agroecologia