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VIOLÊNCIA E SOCIEDADE: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA GENÉTICA NO ENSINO MÉDIO PARA A DESCONSTRUÇÃO CRÍTICO-CIENTIFICA DE Preconceitos
Rafaela Rodrigues Nazario, Antonio Gouvea da Silva

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O referencial teórico do presente trabalho aborda as principais tentativas cientificas de biologizar o comportamento violento e como essas tentativas exemplificam a formação de vertentes preconceituosas dentro da ciência. Além disso, a fim de fundamentar a discussão acerca da análise de material didático, abordamos também o papel da educação na desconstrução de preconceitos, o ensino de genética e seus limites pedagógicos e qual é o papel do livro didático no ensino de genética. O presente trabalho teve como objetivo investigar como o assunto de genética é abordado no ensino médio para desmistificar preconceitos relacionados à violência, a forma na qual alguns livros didáticos tratam o assunto e as possíveis falhas nessa abordagem e sugerir materiais e didáticas que adotem conteúdo para um ensino de genética e da biologia em si, de forma que estes busquem a educação crítica. As Metodologias consistem em levantamento bibliográfico e análise documental  através da contagem de páginas destinadas a tratar sobre o assunto de genética (SILVA et all, 2009) e a sistematização dos dados para análise qualitativa do conteúdo dos livros didáticos (MARSHALL; ROSSMAN, 2006). Os tópicos analisados foram: abordagem de questões sociais, utilização de situações limites para aproximar-se da realidade do aluno, situação limite relacionada ao preconceito, desconstrução do determinismo genético, complexidade do comportamento violento, importância do ambiente nas expressões fenotípicas e a proximidade entre o conteúdo abordado e a construção crítica. Através desta metodologia, os resultados obtidos para cada livro foram os seguintes: Livro 1: MENDONÇA, VIVIAN L. Biologia: O ser humano, genética, evolução: 3 ed. São Paulo: Editora AJS, 2016. Resultado análise: Não atende os tópicos analisados descritos na metodologia; Livro 2: FAVARETTO, JOSÉ A. Biologia unidade e diversidade, 3º ano: 1 ed. São Paulo: Editora FDT, 2016. Resultado análise: Atende parcialmente os tópicos analisados descritos na metodologia; Livro 3: BANDOUK, A. C. et al. Ser protagonista: Biologia, 3º ano Ensino Médio. São Paulo: Edições SM LTDA, 2016. Resultado análise: Atende parcialmente os tópicos analisados descritos na metodologia. Ao decorrer deste trabalho mostra-se que a neutralidade da ciência, ou a ausência dela, é um dos fatores que contribui para a construção de preconceitos e quando atrelada às limitações de recursos e as políticas públicas destinadas ao seu ensino reduz significativamente a construção do conhecimento científico. Os resultados obtidos nesse trabalho evidenciam a grande distância entre a realidade do ensino de genética nas escolas brasileiras e a educação transformadora defendida pelas vertentes freirianas. A preferência pela transmissão do conhecimento à sua construção corresponde ao abandono do principal papel da educação e leva a formação de indivíduos sem que estes construam uma percepção de mundo e um pensamento crítico voltado à realidade na qual estão inseridos. Segundo Paulo Freire “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Negar que a educação aconteça de forma transformadora é permitir que o mundo mantenha as amarras e persista nos mesmos erros cometidos anteriormente.