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Identificação de Felídeos (Mammalia: Carnivora) em uma paisagem agrícola do SO Paulista, por meio de DNA fecal e morfologia de pelos
Alexandra Sanches, Breno de Lima Souza

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Atualmente no Brasil foram classificadas nove espécies de felídeos silvestres, as quais estão ameaçadas de extinção devido principalmente a perda e fragmentação de habitats. Sendo assim, há a necessidade de obter dados para apoiar estratégias de manejo e conservação desses animais, especialmente em regiões onde as informações são escassas. Contudo, o hábito elusivo desse grupo dificulta a coleta de dados e abordagens indiretas como de genética molecular e tricologia se tornam grandes aliadas. Nosso objetivo foi identificar as espécies de felídeos no Campus Lagoa do Sino (UFSCar), município de Buri, São Paulo, por meio do material genético extraído de fezes e da microestrutura dos pelos presente nessas amostras. Ao longo de um ano percorremos trilhas e estradas em busca de fezes; amplificamos uma região do mtDNA utilizando primers para um segmento curto de 146 pb  do gene CytB e também analisamos os padrões microestruturais da cutícula e medula dos pelos removidos das amostras. Coletamos 78 fezes e apenas 6,3% daquelas submetidas a análise molecular foram sequenciadas com sucesso, sendo Leopardus guttulus a espécie diagnosticada, enquanto que 93,6% das amostras foram identificadas por tricologia,  pela qual L. guttulus também foi diagnosticado, além de Leopardus pardalis e Puma yagouaroundi. Mais de 50% do material fecal coletado era antigo, inviabilizando a identificação pelo método molecular, sendo fezes recém depositadas com o mínimo grau de degradação ideais para essa abordagem, o que justifica o baixo êxito em nossa pesquisa, considerando sobretudo o clima subtropical úmido da região da área amostrada que intensifica ainda mais a degradação. Em contrapartida, a idade das amostras não foi um fator limitante para a tricologia zoológica, nem mesmo os processos de digestão dos pelos. Observamos um padrão medular (Trabecular anastomosado com margens fimbriadas) e quatro padrões cuticulares para os felídeos (Folidáceo estreito; Folidáceo intermediário; Ondeado e Losângica larga). Tais padrões quando combinados permitem o diagnóstico da espécie, contudo, podem ser muito semelhantes naquelas do mesmo gênero, ocasionando divergências na classificação de padrões microestruturais e consequentemente afetando a correta identificação do espécime em questão. Além disso, as publicações relacionadas aos estudos tricológicos de carnívoros neotropicais ainda são escassas e não possuem uma nomenclatura padronizada, adotando ainda diferentes critérios de comparação. Logo, o uso integrado não só de métodos moleculares, como também de dados de distribuição se torna decisivo para evitar identificações errôneas, portanto, as fezes são uma ótima forma de obter informações sobre os felídeos e outros animais de hábitos elusivos e secretos, sendo úteis no manejo e consequentemente em estratégias de conservação desses carnívoros frequentemente impactados pelas atividades antropogênicas.



Palavras-chave


Identificação de espécie, felinos, canrnívoros, tricologia, identificação genética, amostra não-invasiva