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DIFERENCIAÇÃO MORFOMÉTRICA DA CONCHA DE ANODONTITES TRAPESIALIS (LAMARCK, 1819) (MOLLUSCA-BIVALVIA) EM DIFERENTES BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS
Rafael Cavalheiro Marques, Eliane Pintor Arruda

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Presente em 6 continentes, a Ordem Unionoida é a de maior irradiação entre os bivalves de água doce - dentro dela está a família Mycetopodidae, que possui distribuição abundante pela América do Sul e Central. Nessa família está Anodontites trapesialis, que possui manto fundido, conchas grandes e trapezoidais, perióstraco liso e é exclusiva de água doce. Considerando sua relevância e as diferenças já constatadas na literatura na forma da concha ao longo de sua ampla distribuição (presente em 59,6% das bacias sul-americanas e em todas as bacias brasileiras), a presente Iniciação Científica analisou e comparou morfometricamente indivíduos de A. trapesialis advindos de diferentes e bacias, buscando selecionar características conquiliológicas que auxiliassem na identificação da espécie, além de informações morfológicas e biogeográficas relevantes. As coleções utilizadas foram: MZUSP, UFMT, Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica e CIB (UFSCar). Dos indivíduos utilizados, 35 pertenciam à Bacia do Paraguai, 32 à do Paraná, 18 à do Uruguai, 18 à do Atlântico Sul e 15 à Amazônica. Foram feitos registros fotográficos da face interna esquerda de cada um dos espécimes, onde se encontravam os landmarks (10 ao total). Com o software TPSDIG, os landmarks foram digitalizados e as coordenadas x e y de cada landmark foram obtidas. Já com o software MorphoJ, esses pontos foram sobrepostos através da GPA (Análise Geral de Procrustes), separando as componentes de tamanho e forma, uma foi gerada uma matriz das coordenadas de Procustes utilizada, posteriormente nas análises estatísticas. As análises estatísticas realizadas foram: Procrustes Anova, Análise dos Componentes Principais (PCA), Análise de Variáveis Canônicas (CVA, diferenciação máxima da forma da concha), Análise de Discriminante com validação cruzada e Distância de Mahalanobis. A Procrustes Anova indicou diferenças significativas entre as populações de acordo com a latitude (F=4,87 p<0,0001), já a PCA apontou que os eixos que mais explicam a diferença de formato das conchas são o 1 (40,918% de variação) e 2 (16,588%). A CVA resultou em 2 eixos principais, e o eixo 1 (forma) explicou 51,356% da variação - a análise mostrou grande diferença entre os grupos das Bacias do Uruguai e Paraguai e sobreposição de outros. A Análise de Discriminante apresentou altas porcentagens de identificação, confirmando a CVA (porcentagens maiores representam os grupos com maior distanciamento, resultando em 100% quando comparados Uruguai e Paraguai), e mostrou que as conchas das Bacias do Paraguai e Amazônica são mais altas. Para a Mahalanobis, a maior diferença se encontra entre as populações da Bacia Amazônica e do Atlântico Sul, condizendo com a maior distância geográfica. A análise de regressão entre o tamanho do centróide e o primeiro eixo da CV1 não evidenciou diferenças na forma influenciadas pelo tamanho. Por fim, o presente estudo levou à conclusão de que existem diferenças entre populações das diferentes bacias, como alturas maiores (Paraguai) ou menores (Paraná), com formatos mais próximos entre si (Atlântico Sul/Uruguai) ou distantes (Uruguai/Paraguai), mas não há uma correlação significativa entre variações de formato e tamanho.

 


Palavras-chave


Bivalvia, Mollusca, Morfometria geométrica, Biogeografia, Bacias hidrográficas