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Feira do Beco do Inferno: uso do espaço público pelos agentes culturais independentes no centro da cidade de Sorocaba
Bianca Cristina Pupo Cruz, Rosalina Burgos

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O município de Sorocaba caracteriza-se por sua centralidade comercial e de serviços na contemporaneidade, sendo a capital da Região Metropolitana de Sorocaba (Emplasa, 2014). O ciclo do tropeirismo teve grande expressão no processo de formação territorial da cidade, evidenciando a importância das atividades comerciais, das quais é possível destacar as feiras livres, muito presentes no cotidiano e na história de Sorocaba. A produção industrial também tem grande relevância, tendo se intensificado, principalmente, na segunda metade do século XX e permanecendo até hoje como base da economia. Segundo Lefebvre (1999), o dinamismo e as contradições do processo de industrialização levam a uma maior complexidade do fenômeno urbano e, nesse sentido, o âmbito da cultura urbana também se dinamiza. Assim, o presente projeto buscou compreender a dinâmica dos processos envolvidos na realização da Feira Livre de Arte Beco do Inferno e seus desdobramentos na cidade de Sorocaba e Região, entendendo o uso do espaço público como potencializador do encontro de diferentes grupos sociais, lugar de conflito e de onde emergem possibilidades, bem como discutir o direito à cidade, o acesso da população sorocabana ao lazer, à arte e à cultura, e a relação entre as políticas públicas e a atuação dos agentes culturais independentes que movimentam o cenário da cidade. A Feira, que se iniciou na estreita Rua Leite Penteado, popularmente conhecida como “Beco do Inferno”, ao deslocar-se para a Praça Frei Baraúna ganhou aquilo que Milton Santos define como “lugar luminoso (Santos, 1996). A metodologia empregada apresentou as seguintes etapas de execução da pesquisa: Levantamento bibliográfico; Pesquisa documental através de jornais, revistas, coletivos de cultura, equipamentos culturais, sites, blogs e portais eletrônicos; Elaboração de questionários e roteiros de entrevistas para os agentes culturais, artistas e público da feira; Trabalho de campo e entrevistas (visitas a Praça Frei Baraúna em dias normais e nas datas de realização da Feira Beco do Inferno, realização dos questionários, das entrevistas e registros audioviduais); Tabulação de dados, informações e resultados obtidos; Elaboração do texto final, e apresentação do Relatório Final com os resultados da pesquisa. Através da pesquisa foi possível traçar um perfil de público do evento, entender o que leva essas pessoas a comparecerem e se há uma identificação desse público tanto com o lugar, quanto com o evento em si. Foi possível também debater a questão da mulher no espaço público a partir dos relatos colhidos, ficando evidente a importância da Feira como espaço que promove a diversidade e possibilita o debate de diversas pautas sociais. Por fim, ficou claro que, mediante a falta de apoio e de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de atividades artísticas, a Feira Beco do Inferno vem contribuindo para a sustentabilidade econômica dos artistas da cidade e da região, servindo como lócus de criação, visibilidade e troca.


Palavras-chave


Espaço público, cultura urbana, Sorocaba

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